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Entrada de dólares surpreende no fim de julho
Forte entrada de recursos na última semana faz o fluxo cambial fechar julho positivo em US$ 712 milhões, revertendo o déficit de US$ 2,3 bi até o dia 23
Na última semana de julho o mercado de câmbio brasileiro deu uma guinada e reverteu todo o saldo negativo de dólares que havia acumulado no mês. Dados divulgados ontem pelo Banco Central mostram que as entradas de moeda estrangeira, tanto por meio do comércio exterior como pelo lado financeiro - como investimentos e empréstimos - superaram em US$ 3,016 bilhões as saídas de divisas do dia 26 até o dia 30 de julho.
Com isso, o fluxo cambial, que até o dia 23 do mês passado estava negativo, encerrou julho com resultado positivo de US$ 712 milhões.
O ingresso forte de dólares pelo mercado de câmbio na última semana do mês, combinado com o volume proporcionalmente baixo de compra de dólares por parte do BC, também contribuiu para que os bancos diminuíssem suas apostas na valorização do real. A chamada "posição vendida" dos bancos em dólar fechou o mês em US$ 10 bilhões, praticamente US$ 3 bilhões a menos do que o registrado em 22 de julho, último dado informado pelo Banco Central.
A "posição vendida" ocorre quando as instituições financeiras ficam devedoras em dólares no exterior e vendem a moeda americana para o BC em troca de reais que são aplicados no mercado de juros. Os bancos ganham com a diferença de juros entre o mercado brasileiro e o externo, receita que é reforçada se o real se valoriza, já que serão necessários menos reais para o pagamento da dívida em dólar com o exterior.
Aposta. Como o volumoso fluxo de dólares no País no final do mês passado foi pouco absorvido pelo BC, a aposta dos bancos na valorização do real teve de ficar menor. Mas ela ainda é expressiva e maior do que a posição verificada em junho, quando as instituições estavam "vendidas" em US$ 9 bilhões.
Para o economista da Tendências Consultoria André Sacconato a "posição vendida" dos bancos deve ter redução paulatina ao longo do tempo. Isso porque, na visão dele, a tendência é o BC manter o ritmo menor de compras de moeda mostrado na última semana do mês, enquanto o fluxo deve seguir positivo. Com isso, sobram mais dólares para eles cobrirem suas posições vendidas, reduzindo a aposta na valorização da moeda nacional ante o dólar.
Em julho, o Banco Central comprou no mercado de câmbio um total de US$ 1,494 bilhão, o dobro do fluxo positivo de dólares do período. Quase metade do volume adquirido pela autoridade monetária, entretanto, ocorreu na última semana do mês. De 26 a 30 de julho o BC comprou US$ 671 milhões para um fluxo positivo de US$ 3,016 bilhões. Até o dia 23 de julho, o BC havia adquirido US$ 823 milhões para um fluxo que estava negativo em US$ 2,304 bilhões.
No resultado do fluxo cambial de julho, o destaque foi o segmento financeiro, que registra operações de investimentos em ações, renda fixa, na produção (Investimento Estrangeiro Direto), remessas de lucros, empréstimos, entre outras. O fluxo financeiro no mês foi positivo em US$ 1,490 bilhão, praticamente o dobro do saldo negativo de US$ 777 milhões do segmento comercial - que registra as operações de comércio exterior no mercado cambial. Somente na última semana do mês, o fluxo financeiro foi positivo em US$ 2,241 bilhões.
Aversão. O fluxo comercial também foi positivo nos últimos cinco dias úteis de julho, mas em magnitude menor: US$ 775 milhões. Para André Sacconato, o incremento do fluxo cambial no final do mês foi determinado pela menor aversão dos investidores internacionais ao risco, o que levou a compras de ativos, como ações negociadas em bolsa, de países como o Brasil. De fato, no final de julho a bolsa brasileira viveu um verdadeiro rali de alta, puxada por estrangeiros.
No acumulado de janeiro a julho de 2010, o fluxo de dólares no mercado de câmbio brasileiro foi positivo em US$ 4,075 bilhões, sendo US$ 435 milhões do comercial e US$ 3,641 bilhões do segmento financeiro. No ano, o fluxo decorrente de exportações soma US$ 94,025 bilhões e o de importações, US$ 93,590 bilhões. No fluxo financeiro, os ingressos somaram US$ 186,683 bilhões nos sete primeiros meses do ano e as saídas, US$ 183,043 bilhões.
Empresas de países emergentes captam mais
Julho foi o melhor mês em 2010 em termos de volume de emissão de dívida externa para empresas de países emergentes. Muitas delas conseguiram os menores custos já registrados para fazer suas captações. No acumulado do ano, o total das emissões corporativas mais que dobrou em relação ao mesmo período do ano passado. O porcentual das operações de empresas superou o de países.